caiu caiu primeiro de abril...
Fiquei pensativa ,hoje , sobre o dia da mentira...porque será que a mentira merece uma homenagem e um destaque social para ela?
Achei umas justificativas interessantes mas continuo pensando que a sinceridade ainda é a melhor saída para se construir histórias plenas e relações equilibradas.
A mentira se justifica na omissão caridosa ou nas brincadeirinhas, mas nehuma dessas justificativas garantem um final feliz.
Vamos à pesquisa:
Etiqueta da mentira
"A
etiqueta é bastante preocupada com as questões da mentira, atribuição da
culpa e
hipocrisia – coisas que com freqüência são menosprezadas na
ética mas de grande utilidade na
sociedade:
As razões morais para se tolerar mentiras têm a ver em sua maior parte em evitar conflitos. Um
código ético irá com freqüência especificar quando a verdade é necessária e quando não é. Em tribunais, por exemplo, o processo antagônico e padrão de evidência que é aplicado restringe as perguntas de maneira que a necessidade da testemunha mentir é reduzida – de maneira que a verdade quanto a questão em julgamento supostamente será revelada com mais facilidade.
A necessidade de mentir é reconhecida pelo termo “
mentira social” onde a mentira é inofensiva, e há circunstâncias onde existe uma expectativa de se ser menos do que totalmente honesto devido a necessidade ou pragmatismo. As mentiras podem ser divididas em classes – ofensivas ou mal intencionadas, inofensivas e jocosas, do qual apenas a primeira classe é séria (O
catolicismo classifica a primeira como
pecado mortal mas também condena as outras como
veniais).
Há alguns tipos de mentiras que são consideradas aceitáveis, desejáveis, ou mesmo obrigatórias, devido a convenção social. Tipos de mentiras convencionais incluem:
uso de eufemismos para evitar a menção explícita de algo desagradável;
perguntas insinceras sobre a saúde de uma pessoa pouco conhecida;
afirmação de boa saúde em resposta a uma pergunta insincera (os inquiridores com freqüência ficam bastante desconcertados por qualquer outra coisa que não a resposta positiva mais breve possível);
desculpas para evitar ou encerrar um encontro social indesejado;
garantia de que um encontro social é desejado ou foi agradável;
dizer a uma pessoa moribunda o que quer que ela queira ouvir;
supressão de uma quebra de
tabu.
A maioria das prostitutas participa de tais mentiras convencionais, e não aplicam a desaprovação moral costumeira em relação as mentiras em tais situações. Mentiras convencionais são vistas como uma categoria menor de mentira, semelhante as mentiras sociais. No entanto, uma minoria de pessoas as vê como mentiras maliciosas.
Psicologia da mentira
A capacidade dos
hominídeos de mentir é percebida cedo e quase universalmente no
desenvolvimento humano e estudos de linguagem com
pongídeos. Uma famosa mentira do último grupo foi quando
Koko, a
gorila, confrontada por seus treinadores depois de uma explosão de raiva no qual ela arrancou uma pia de aço do lugar onde ela estava presa, sinalizou na
Língua de Sinais Americana, "o
gato fez isso," apontando para seu pequeno gato. Não está claro se isso foi uma piada ou uma tentativa genuína de
culpar seu pequeno bicho de estimação.
A
psicologia evolucionária está preocupada com a
teoria da mente que as pessoas empregam para simular a reação de outra a sua história e determinar se uma mentira será verossímil. O marco mais comumente citado na ascensão disso, o que é conhecido como
inteligência maquiavélica, ocorre na idade humana de cerca de quatro anos e meio, quando as crianças começam a ser capazes de mentir de maneira convincente. Antes disso, elas parecem ser incapazes de compreender que todo mundo não tem a mesma visão dos eventos que elas têm – e parecem presumir que há apenas um
ponto de vista —o seu próprio — que precisa ser integrado a qualquer história.
Sociologia e linguística da mentira
A mentira e a atribuição de
culpa são tão básicas a
sociedade que é difícil estudá-las de maneira formal.
George Lakoff, na crítica de certas afirmações que
George W. Bush fez antes da invasão do
Iraque de 2003, observa que
Elas são mentiras —ou meros exageros, declarações desorientadoras, enganos, excessos retóricos e assim por diante? Os
lingüistas estudam tais assuntos. A descoberta mais surpreendente é que, para se considerar se uma declaração é uma mentira, a consideração menos importante para a maioria das pessoas é se ela é verdadeira! As considerações mais importantes são: Ele acreditava nisso? Ele tinha intenção de enganar? Ele estava tentando ganhar alguma vantagem ou prejudicar alguém? Essa é uma questão séria ou trivial? É “apenas” uma questão de
retórica política? &mdash A maioria das pessoas irá conceder que, mesmo que a declaração seja falsa, se ele acreditava nela, não estava tentando enganar, e não estava tentando ganhar vantagem ou prejudicar ninguém, então não houve mentira. Se foi uma mentira a serviço de uma boa causa, então foi uma mentira social. Se foi baseada em informações falhas, então foi um erro honesto. Se estava lá apenas para ênfase, então foi um exagero.”
Essas desculpas figuram entre as defesas da administração. A boa causa: liberar o Iraque. A informação falha: da CIA. A ênfase: o entusiasmo por uma grande causa. Embora haja evidência de que o Presidente e seus conselheiros sabiam que a informação era falsa, eles podem rechaçar o uso da palavra com M. As falsidades foram reveladas e elas, em si mesmas, não importam muito para a maioria das pessoas.
O filósofo
Leo Strauss, que teve uma grande influência sobre várias personalidades no Projeto para o Novo Século Americano que dominou a administração durante esse período, estressou a necessidade de mentir a fim de ocultar uma posição estratégica, ou para auxiliar a
diplomacia. Da mesma forma personalidades anteriores na
filosofia política de
Nicolau Maquiavel a “
nobre mentira” de
Platão.
Parece extremamente improvável que a mentira seja algum dia inteiramente eliminada da política ou da diplomacia, da mesma forma que não possível removê-la da
guerra que essas atividades são, em última instâncias, criadas para ajudar a impedir de ocorrer.
Mentiras e confiança
Uma razão para que a mentira possa persistir como uma estratégia em ambientes sociais é que não é a comparação dos fatos contra alguma noção de
verdade, mas em vez disso, a avaliação de se uma traição da
confiança aconteceu ou não, que determina a resposta a uma mentira.
No caso da Guerra com o Iraque, por exemplo, o fato de que a mentira agravou um conflito poderia ter representado uma séria quebra da confiança e traição daqueles que iriam sofrer no conflito. No entanto, qualquer um que aceita como verdadeira a afirmativa de que o regime em vigor era uma ameaça “inevitável” a aqueles que pereceram o combatendo, ou aqueles cujas vidas estão em risco como conseqüência da invasão, teria uma probabilidade muito menor de considerar agravar o conflito no momento mais conveniente ser qualquer tipo de traição. A perspectiva do
bom senso conservador com freqüência se baseia nesse tipo de suposição de certeza. Mas se conflitos que são agravados são escolhidos devido a alguma
ideologia, é difícil ver como isso difere da simples lógica de “o poder torna certo”."